quinta-feira, 2 de julho de 2009

EPIFANIA AZULADA






Não me interessa o Taj Mahal de Agra, pouco me importa a praia de Palolem, é-me indiferente as esculturas de Khajuraho. É isto. Esta praia de pescadores com barcos adormecidos na areia, ansiosos por regressar ao mar. Esta praia de pescadores com barcos ancorados na água, a bissectarem os azuis do céu e do mar. Esta praia de pescadores com um jardim infantil crescido do areal. Esta praia de pescadores onde o tempo deixou de existir como medida para se transmutar num sentimento. É isto. Por um momento, pertencemos a este lugar. Deixamos de ser corpos estranhos para nos redescobrirmos. Apuramos a visão, despertamos o olfacto, tacteamos a areia e a água com as mãos. Ouvimos o nosso coração bater em sintonia ao suave marulhar. Somos levados a pensar que todos os tormentos existiram para nos trazerem até aqui. A este confim da Índia que até poderia ser confim do mundo. Mas que para nós se tornou no centro de tudo. Como se fossemos um barco pequeno, rodeado por uma gigantesca tela azul.

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