quarta-feira, 20 de maio de 2009

O LADO AGRESTE DE AGRA




É um típico caso do “objecto certo no local errado”. Ir à Índia e não ver o Taj Mahal pode parecer uma blasfémia. Mas ir à Índia e ver o Taj Mahal pode significar a experiência paralela mais rude da vida. O riquexó motorizado que apanhamos na estação de comboios assim o prova. Durante o trajecto até à guest house pretendida somos assediados por um co-piloto entrado a meio do percurso. Propõe hotel, local especial para ver o Taj ao pôr-do-sol, a melhor loja de lembranças de Agra. Dizemos não a tudo. A falta de firmeza representa uma via aberta para gastarmos rúpias em esquemas menos claros só para escaparmos à táctica do cerco a que nos submetem. Persistimos na negação e temos como resposta sermos deixados a meio do caminho, sem o sabermos, com a justificação de o trânsito estar vedado. O “é já ali” representa um pesadelo inesperado: atravessar a pé o bairro mais sujo e feio da cidade. Recorro ao mapa para orientação e a nossa situação torna-se ainda mais frágil. Somos cercados por molestadores que procuram “oferecer” transporte ou sítio para dormir, para comer, para comprar artesanato. A solução é continuar a andar sem parar, na direcção cardeal que nos levará ao nosso destino. O desfecho da fuga asfixiante tem forma de jardim verdejante, quarto com lagarto na parede, casa de banho com ferrugem. E face ao que atravessámos, este é um final feliz.

2 comentários:

Rui Rosendo disse...

Ganda maluco!!!... Tenho imensa inveja dessa vossa "aventura". Ligo-me todos os dias para acompanhar e "viver" também a viagem...

Grande Abraço.

Paulo M. Morais disse...

Companhias como a tua é que a gente gosta! No fundo porque sentimos que esta partilha mais profunda com amigos (e desconhecidos de ocasião) é que completa a viagem. Bem-vindo e obrigado pelo incentivo!

Grande abraço