domingo, 10 de maio de 2009

OLFACTO NÃO IDENTIFICADO


O cheiro. Mal saímos do avião é o cheiro que nos invade obscenamente as narinas. Exalamos algo inqualificável. Como se não tivéssemos os códigos necessários para decifrar a aragem que nos envolve. As ventoinhas acopladas ao tecto do aeroporto rodam vagarosamente. Devem existir apenas para espalhar melhor este odor identitário até que ele nos conquiste o nariz, instalando-se na forma de tatuagem. Indelével e indisfarçável. A longa fila de pessoas esvai-se a conta-gotas. Entregamos o passaporte. Revista-se o visto. Aplica-se o carimbo. Passamos a barreira invisível e entramos no mundo do cheiro dissemelhante. Parece que lhe chamam Índia.

Sem comentários: