sábado, 23 de maio de 2009

MARABUNTA HUMANA


Avistamos a cúpula da Jama Masjid mas não descortinamos como lá chegar. Caminhamos com os olhos postos no pináculo e, sem termos noção, enveredamos por uma rua estreita, ladeada de bancas de comida, roupa, aparelhos electrónicos. Num repente, como se abrissem uma comporta, ficamos submersos num mar de gente. Os olhares e as solicitações intensificam-se. O nosso espaço vital escasseia como se fossemos as formas lutadoras do quadro de Franz Marc. Sentimo-nos indefesos perante o avanço da marabunta humana, sem sítio para onde fugir. Assaltamos um auto-riquexó e pedimos com veemência ao condutor para sair dali. Rápido! Já! Já! Naquele casulo protector, à medida que nos afastamos, deixamos lentamente de ofegar. O coração pede para nos irmos embora. Daquela rua, de Agra, talvez até da Índia. O cérebro não ouve e desobedece às emoções. No nosso lar emprestado, bebemos cabisbaixos um chá pacificador. Amanhã é dia de Taj Mahal e queremos acreditar que vamos viver um momento sublime para esfregarmos da pele o lado agreste de Agra.

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