terça-feira, 26 de maio de 2009

VARANASI PEREGRINA


Estão programadas doze horas até à cidade santa de Varanasi. Por Agra não ser a primeira paragem, a nossa carruagem já chega pejada de gente e lixo. A prioridade é resgatar os nossos lugares marcados. Travamos uma luta de entendimento. Mostramos os bilhetes, acompanhados por palavras em inglês e gestos veementes. Entram pessoas nos apeadeiros seguintes. Um compartimento de oito assentos já acomoda uma dúzia de pessoas. Contrariamos as pressões para mudar de carruagem a fim de acomodar membros familiares que ficaram separados. E durante 16 horas requisitamos forças escondidas para resistir a este país demasiado intenso, como o cheiro pestilento que paira no ar. As ventoinhas atarraxadas ao tecto apenas dispersam o cotão acumulado às próprias grelhas. Nos nossos beliches, viramos costas aos risos trocistas, rostos desafiadores e tosses convulsas. Uma nuvem de mosquitos baila em nosso redor. Somos apenas mais dois peregrinos que rezam para atingir Varanasi. Chegamos exaustos. Arrastamo-nos para o atiçado grupo de condutores de riquexó até encontrar alguém que nos leve ao sítio pretendido por um preço justo. É no terraço da nossa guest-house que finalmente comemos e descansamos com vista para a cidade que parece inacabada.

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