terça-feira, 2 de junho de 2009

OS PÁSSAROS E OS ÁCAROS


As estradas na Índia são causa de morte frequente. Não admira, perante as ultrapassagens forçadas ou os desvios de último segundo (vacas, macacos e cães circulam livremente por todo o sítio) efectuados pelo condutor do veículo. Observamos um autocarro tombado na berma e concluímos que o destino não está nas nossas mãos. A solução é desligar o botão do medo depois dos sustos iniciais. Ouvimos a música aos altos berros debitada pelo rádio, apreciamos a algazarra que se instala entre os passageiros, olhamos a paisagem tremida por causa dos solavancos enérgicos do nosso habitáculo. Uma coreana (que mal fala inglês e se faz entender por gestos ou apontando palavras num dicionário coreano-inglês), um espanhol e dois portugueses sobrevivem à viagem e em Khajuraho assentam bagagens numa guest-house com terraço e espectáculo prometido: centenas de pássaros a dançar ao pôr-do-sol. Paira o medo da gripe das aves mas eu só recordo o filme do Alfred. Na manhã seguinte, antes de rumar aos templos, mudamos de hotel após uma noite mal dormida por causa dos ácaros, pulgas ou seja lá o que for que habitava em grande escala o nosso colchão. Lembro-me que certa vez discuti com o meu grande amigo sobre se os ácaros eram visíveis a olho nu. Ele afirmava que sim, sem dúvida, isto de acordo com as informações transmitidas por outro amigo dele. Posto esta experiência, quase que me vejo inclinado a concordar...

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