sábado, 6 de junho de 2009

ERRO NO SISTEMA



O longo caminho até ao estado de Goa parece o desfiar de um rosário. A provação começa ainda em Orccha. Primeiro é preciso negociar com o condutor do auto-riquexó um valor para nos levar até à estação ferroviária de Jhansi. Depois é preciso impedir que ele junte mais dois penduras de última hora sob o nosso “patrocínio”. Desculpem, mas já não há estômago para estes esquemas. Segue-se o trajecto nocturno de comboio até à capital Delhi. Chegamos de madrugada e apanhamos um táxi para nos levar ao aeroporto. Novo pesadelo. O taxímetro teima em não “funcionar” e o motorista – acompanhado de um “co-piloto” presente apenas para aumentar a pressão sobre os passageiros – procura impor taxas disto e daquilo. Estamos saturados de tramas, engodos, abusos. À porta do destino, depois de vociferar o trajecto inteiro, retiro furibundo as mochilas do porta-bagagens. Aviso que a insistência na extorsão de mais dinheiro será acompanhada pela presença da polícia. Tenho noção de que o resultado poderia ser ainda pior, caso houvesse conivência com o motorista. Insisto na impetuosidade e safamo-nos sem o recurso às fardas. Fatigados, dormitamos nos assentos de um aeroporto acanhado. O nosso cérebro debita uma única mensagem: erro no sistema. Somos personagens desfiguradas de uma crucificação de Francis Bacon. Sonhamos acordar num local paradisíaco. Precisamos de férias.

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