quarta-feira, 10 de junho de 2009

HISTÓRIA ANTI-SÉPTICA





O termo masala aplica-se às misturas de especiarias ou ervas que são aplicadas em múltiplos pratos da comida indiana. O título do filme que vimos no Ashok assume também um segundo sentido; representa uma espécie de “mistura popularucha”, confusa, composta sem esmero e aplicada sem critério. Talvez tenha sido ela a culpada da minha febre e revolução intestinal. No alpendre de uma vivenda, sou observado e medicado por um doutor goês. Ele percebia português mas respondia em inglês, sinal de que as gerações mais novas poderão não aprender o suficiente da língua de forma a perpetuar-se neste pequeno cantinho oriental. Alguns goeses com quem falamos sentem falta dos “velhos tempos”. Têm uma cor de pele mais pálida e revelam um certo racismo para com os hindus que “invadiram” Goa. A ordem portuguesa deu lugar, segundo eles, à desordem indiana. Margão, por exemplo, espécie de central de transportes para o resto do estado, já apresenta um bom grau de caos. É de lá que rumamos a Velha Goa, património UNESCO, para visitar a famosa basílica que contém os restos mortais de São Francisco Xavier. A traça das igrejas, o ordenamento dos espaços circundantes, o museu com retratos dos vice-reis e governadores portugueses do território, parecem imersos em formol para preservar o cristianismo e a memória lusa da galopante masala indiana.

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