quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O MELHOR AMIGO DO CÃO


Atracamos para almoçar junto a uma aldeia piscatória construída sob a água da baía de Halong. Um pequeno bote cheio de miúdos aproxima-se. Pedem-nos dinheiro. Insistentemente. Face à ausência de resposta afirmativa, simulam uma abordagem ao barco. Estamos meio parvos a observá-los. Regridem no avanço e,
já com a AV de costas viradas, fazem gestos atrevidos. Depois regressam a uma casa aquática.
Um cão espera-os na plataforma de madeira que forma o cais. Arrastam-no para dentro de casa. Seguem-se ganidos intensos. Depois um silêncio desolador. Não voltamos a ver o animal. No convés, A conversa flui e desvia-se dos monólitos de Halong. O tema do cão aflora à superfície e um dos guias da excursão avança que é possível terem morto o bicho. Explica-nos que a carne de cão é uma iguaria no Vietname. Até pode acontecer que, por uma ocasião especial como a recepção de visitas familiares, se mate o cão doméstico para compor a mesa... Os ocidentais horrorizam-se e expressam tristeza. Esta é daquelas diferenças culturais que custa a engolir. O rapaz vietnamita, ao observar o ar pesado dos turistas, solta uma gargalhada franca e contagiante. E diz: "Vietnamese eat everything!!!"
Nós não. E a despedida de Hanoi é adocicada pela descoberta duma geladaria frequentada por jovens (e respectivas motas) locais e sem menu em inglês. Pedimos um cone de "cocoa". Delicioso. Repetimos a dose, desta vez sem perceber o sabor escolhido. Volta a agradar. O trajecto para o quarto, apesar de uma Hanoi friorenta e meio deserta, é saboroso. E provoca a vontade de voltar num dia solarengo.

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