sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PHONSAVAN MASSACRADA






O autocarro-chocalho atravessa pequenas casas isoladas. Os habitantes das construções suspensas em estacas de madeira e encimadas por telhados de colmo vivem à beira da estrada. Ali se banham com um jarro de água despejado pela cabeça. Ali cosem roupa ou cozinham. Ali jogam à bola, entre galinhas e porcos que tomam conta da beira da estrada. O Laos é ruralidade pura. E o nosso destino é pouco mais que isso: uma cidadezinha edificada em torno de duas ou três artérias principais. Phonsavan entra no roteiro turístico por boas e más razões. A positiva é o parque Plain of Jars que alberga dezenas de jarros de pedra enormes. São milenares e misteriosos em relação ao significado e utilidade. A negativa reside nas crateras existentes ao longo da caminhada. Resultado de bombas norte-americanas, estas apenas com poucas décadas. O guia da visita ao parque fala-nos da “guerra secreta” travada em território Lao. Avançam-se números: 2 milhões de toneladas de bombas largadas no país entre 1964 e 1973. Um recorde. Daqueles que ninguém gostaria de bater. Os EUA não reconhecem as missões no Laos. Não há documentos. Não há números. Só buracos gigantes. E pessoas que ainda hoje morrem fruto de deflagrações acidentais de engenhos adormecidos. Levará ainda décadas a livrar o território desta herança colateral e fatal da Guerra do Vietname.

Sem comentários: