sábado, 1 de agosto de 2009

RIO ACHATADO





A travessia do rio Mekong faz-se num barco longo e achatado. Chamam-lhe “slow boat” e com razão. Rumamos em velocidade lenta. A paisagem parece estática. As janelas sem vidro deixam entrar o vento frio. Estamos artilhados com polares e acomodamos a cabeça nos nossos capuzes. O banco é de madeira e o casco inclinado impede que estiquemos as pernas ou nos sentemos direitos com os pés no chão. Sonhamos com o conforto do colchão na margem de Huai Xai. Volta e meia, um “speed boat” passa por nós como um torpedo, com uma mão cheia de turistas. Demorarão oito horas para efectuar o trajecto, em vez dos nossos dois dias. O barulho do motor, mesmo à distância, ensurdece. Voltamos a olhar para a margem e percebemos que o cenário mudou. Somos esmagados por arranha-céus de vegetação selvagem verde escura e rochas cinzentas. Rodeia-nos um azul de céu e mar que parecem não ter fim. Ficamos contentes com a decisão tomada, apesar de viajarmos num barco lata de sardinha que nos amarra as pernas até deixarmos de dar conta delas.

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